Bom, vamos tentar mostrar como “3 inconscientes” se propuseram a fazer em 3 dias o GR 28 - Por Montes e Vales de Arouca, cerca de 90Kms (contados 81Kms) num sobe e desce constante, um típico raid “electrocardiograma”. Um belo treino físico para quem tenciona uns raids mais arrojados. Uma actividade muito boa, feita sempre em companhia do Maciço da Gralheira, Freita, Arada e bem perto S. Macário.
Antes de mais queremos salientar o facto de ser um percurso “Difícil” e não moderado, como é anunciado nos flyers informativos feitos pela C.M. Arouca. Tenham em isso em atenção, porque em certas alturas do ano com pessoal inexperiente pode tornar-se uma actividade inesquecível... pela negativa!
Mesmo assim (e como já somos batidos nisto), lá fomos nós, Al Capone, Pe Grande e Bi-Mochila. Fomos como manda a regra em autonomia (para quem não sabe o caracol é o melhor exemplo… ou seja com tudo as costas, casa, cama, comida, roupa, etc.)
O começo é árduo visto ter uma subida que vai dos 280m ate os 1000m de altitude numa curta distância. Depois deparamo-nos com a falta de marcas nos cruzamentos, se não fosse o conhecer do local aliado a um mapa e o GPS seria difícil passar dos 3 kms… mesmo assim fez-nos andar cerca de 3 kms um pouco ao lado fazendo-nos andar por parte do PR4 "Cercanias da Freita" na parte mais dificil do percursso e com 12kg ás costas...não é facil...O objectivo era chegar a Covelo de Paivó, cerca de 30 Kms do centro de Arouca de onde começamos o que se veio a constatar. Depois de um primeiro dia cheio de altos e baixos chegamos a Covelo de Paivó.A prioridade era arranjar um bocado de terra onde pudesemos montar a nossa tenda. Depois de conversar com um Local apercebemo-nos que lá existia uma casa paroquial onde poderiamos montar arraiais (casa amarela junto a Igreja). Chegados lá dava a entender que a casa estaria habitada, porque tinha as janelas do piso superior abertas. Batemos a porta para nos certificarmos mas ninguém atendeu, decidimos então montar a tenda no terreno. Quando já tinhamos aberto a tenda eis que chega um carro e encosta ao portão de entrada… era um casal (muitíssimo simpático) que lá estava a passar esse fim de semana. Inicialmente ficaram um pouco perplexos com o facto de estarem 3 montanhistas no terreno da casa que tinham alugado, mas depois de bem explicada a situação acabaram por exceder as nossas expectativas, ao cederem não só uma camarata onde podemos pernoitar, como também a cozinha e uma casa de banho…. AINDA HÁ GENTE MUITO BOA EM PORTUGAL, E ESTE CASAL É UM BOM EXEMPLO… Mais uma vez o nosso Muito Obrigado!!!
Depois de desmochilar e de jantar fomos a procura de um café que o Local com quem falamos nos tinha indicado, onde para além de tomar o nosso cafezinho podiamos travar conversa com os Locais, algo que gostamos de fazer. Ao chegarmos ao dito café que se encontrava ainda encerrado (e que assim permaneceu nessa noite) conversamos com 2 peculiares e super simpáticas pessoas que lá se encontravam a espera que o “tasco” abrisse. Depois de alguns minutos á espera decidimos que o melhor seria voltar para a cama, mas acabamos por aceitar o convite de um dos Locais que nos levaria a outro “tasco” a uns minutinhos dali… Bem meus amigos… que aventura… acabamos por parar em Regoufe um pouco mal dispostos devido as curvas sinuosas feitas um pouco com velocidade a mais numa Peugeot 505… Upa! Upa! Mas tudo foi colmatado devido a simplicidade e hospitalidade deste povo, de facto ESTA GENTE É DO MELHOR… Mais uma vez o nosso Muito Obrigado!!! Lá tomamos o nosso cafezinho e fomos depois de uma hora bem passada para os nossos (emprestados) aposentos, porque o dia de amanha não seria mais fácil, Alvarenga seria o destino (mais 30Kms).
Logo bem cedo e com a chuva sempre a espreitar lá seguimos caminho. Se o inicio do raid é difícil preparam-se para esta etapa. Covelo de Paivó fica num belo vale o ponto seguinte leva-nos até Silveiras que fica bem mais alto. De lá fomos até à Ribeira de Silveiras onde depois de atravessada se inicia uma tormentosa subida até à Portela Malhada (caminhos comuns do PR 5) onde depois de andar algum tempo á mesma cota descemos até Cortegaça e de lá até Meitriz. Meus amigos , quando chegarem a Meitriz respirem bem e ganhem folgo, hidratem-se e comam algo com bastante sustento… porque é sempre a subir… sempre a subir… mesmo depois das curvas a subida não acaba.
Devemos alertar para o facto de que se forem de Verão ou em tempo seco, mal possam abastecer façam-no, a escassez de água acompanha o percurso.
Depois de algumas horas lá começamos a avistar Alvarenga, já lá tínhamos a “Brigada Reumática” á nossa espera para comer o famoso Bife de Alvarenga. Depois de bem comer e bem beber, decidimos que em vez de montar tenda, talvez um quarto na “Albergaria Silva” onde jantamos seria a melhor opção. E assim foi, ainda por cima o Sr. Silva (proprietário) fez um descontinho.
Na manha seguinte depois de um bom sono, de um bom duche (o nosso odor já incomodava os mosquitos) e de um pequeno almoço á turista, iniciamos a caminhada até ao centro de Arouca de onde tinhamos saído á 2 dias. Aqui deparamo-nos com uma grande dificuldade, o percurso até bem perto do rio Paiva não está sinalizado, o que nos levou depois de muitas incursões pelo matagal á procura de um bom caminho a atravessar mesmo pelo rio. Tiramos as botas, amarfanhamos tudo na mochila e fizemos a travessia por uma parte menos funda do rio...o que depois se tornou agradável, visto termos lá dado uns bons cafunhos. Depois de relaxar nas águas do Paiva subimos uma bela calçada em paralelo (para quem vem de carro prepare-se para meter a 1ª) até á aldeia de Canelas, onde aproveitamos para almoçar.
Saímos de Canelas e mais uma vez o percurso depois de entrarmos no mato estava mal marcado, mas lá demos com o caminho que nos levaria até o Geoparque. Aqui fica mais um alerta, nesta zona do Geoparque as marcas do percurso foram arrancadas das árvores, não sabemos por quem, mas o facto é que estão arrancadas só na área do Geoparque. Cuidado, podem perder-se facilmente!!! Depois de encontrarmos o percurso correcto seguimos até ao alto da Sra. Da Mó e dali até Arouca.
Não podemos deixar de fazer um agradecimento ao S. Pedro que nos deu tréguas, pois mal chegamos a Arouca e nos sentamos na padaria a lanchar o díluvio caiu sobre esta terra...Pelo menos esperou que chegassemos a bom porto.
A pergunta que se coloca é...
Difícil? Sim!... mas vale mesmo a pena…
No Mercy
7 comentários:
Um raid em autonomia… porreiro!!!
O Corpo e a Alma já estavam a pedir a uma data de tempo. Uma jornada durinha + ou – 90 Kms… mas que vale bem a pena… e para essa actividade já podemos testar as capacidades do nosso Garmin. Ah pois é! Agora não é por tentativas, vamos lá passar nos sítios indicados e com registo. Que pinta!!!
Não sei se lembram de um dito pico tapado pelo nevoeiro a uns 200mts :) Isso já não vai acontecer :)
Vamos lá reunir pra combinar isso ok? É que já faltam 17 dias… pouco.
Abraços e Beijinhos
Bi-Mochila
Saudações...
Eu não sei o que se passa com o pessoal, mas ainda só temos 3 confirmações para o GR28 ... Vamos lá pessoal regressar em grande ás actividades!
No Mercy
Saudações.....
Como eu queria poder dizer "eu já me inscrevi", ou "contem comigo", mas as contingências da vida não me deixam dize-lo. Contudo nada me pode fazer calar e no mínimo desejar os votos de uma optima caminhada.
Um destes dias não me vou limitar a fazer comentários para dar força, quando isso acontecer, saiam da minha frente porque só quero é caminhar e apreciar as ricas paisagens.
No Mercy
Gozem muito......
Abraços e Bjs
Speedy
Parabéns pela vossa aventura. Também já fiz o percurso do GR28 este verão, mas fi-lo de BTT e foi uma grande aventura.
Boas caminhadas
Daraopedal
ok depois de grande observação sobre a vossa actividade levou-me a dizer que "se vocês conseguiram nós vamos tentar"
(sem albergaria é claro)
venho aqui agradecer a vossa descrição do percurso pois sem ela esta jurnada teria sido muito mais dificil .
Iniciamos esta aventura a 31/05/10, e andamos logo ás aranhas ... mal marcado é favor... mas tambem é aventura que se lixe.
O segundo dia de Meitris pra Cima ..ui..ui é a doer , e atravessia do paiva no terceiro... adernalina total , de inverno não se faz de certezinha.
Um abraço do Mocho (gaia )
Bom dia.
Gostaria de dar os parabéns ao grupo pela escolha.
Em relação às dificuldades relatadas, é verdade, elas existem, mas estou certo de que estes alertas vindos de quem se aventura nos percursos irá ajudar as pessoas responsáveis pela manutenção e funcionamento dos percursos a melhora-los.
Aproveito estas minhas palavras para fazer uma correcção sobre a referência que fazem do Geoparque.
“O Geopark Arouca, correspondendo à área administrativa do Concelho de Arouca, é reconhecido pelo seu excepcional Património Geológico de relevância internacional, com particular destaque para as Pedras Parideiras da Castanheira, as Trilobites gigantes de Canelas e os Icnofósseis do Vale do Paiva.
O valioso e singular Património Geológico inventariado, cobrindo um total de 41 geossítios, constitui a base do projecto Geopark Arouca, aliados a uma estratégia de desenvolvimento territorial que assegurará a sua protecção, dinamização e uso. Em simultâneo e em complementaridade, associam-se outros importantes valores como os arqueológicos, ecológicos, históricos, desportivos e/ou culturais e ainda a promoção da etnografia, artesanato e gastronomia da região, tendo em vista a atracção de um turismo de elevada qualidade baseado nos valores da Natureza e da Cultura.
Em Abril de 2009, o Geopark Arouca foi reconhecido pela Rede Europeia e Global de Geoparks, encontrando-se desde então reconhecido pela UNESCO.
A entidade responsável pela gestão do Geopark Arouca é a AGA - Associação Geoparque Arouca. “
Retirado de www.geoparquearouca.com
Como já devem ter percebido, o locar a que se referem como Geoparque, trata-se apenas do Centro de Interpretação Geológico de Canelas, que por sinal integra um dos 41 Geossítios do Arouca Geopark.
Cumprimentos
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